Muitas vezes entendemos que a formação profissional do educador
requer cursos sofisticados de qualificação acadêmica e deixamos em segundo plano um dos aspectos mais relevantes da nossa atividade: a relação que
mantemos com os participantes do processo escolar.
A profissão de educador — e o somos para qualquer
público — exige um compromisso para com a qualidade de vida, a dignidade humana e as pessoas de forma geral. A educação está intimamente ligada ao ato
de ajudar o crescimento pessoal, não só do outro, mas principalmente de nós mesmos.
Precisamos, sim, nos
qualificar profissionalmente e investir tempo, esforço e recursos financeiros nesta qualificação através da formação acadêmica. Mas precisamos também do
aperfeiçoamento das relações pessoais. É isto o que pode mudar o rumo de uma educação autoritária e massacrante.
O tempo urge por mudanças rápidas, e é preciso acompanharmos a evolução dos tempos. A fossilização
precoce das nossas idéias e da nossa prática corre sério risco se não nos prontificamos a mudar.
Comecemos
por nós mesmos, de dentro para fora, com vontade e desejo de mudar. Não se pense que é fácil. Mudar é um ato que exige calma e persistência. Muitas
vezes precisamos abandonar uma prática de anos e anos e iniciar uma nova, capaz de nos tirar do centro do processo e virar o foco da atenção para o aluno,
tornando-o ativo, pensante, agente do seu próprio saber.
Todos os dias nos deparamos com alunos cansados
e esgotados da luta diária, da exclusão social, do tumultuado jogo entre poder e submissão. É nosso papel facilitar processos menos desgastantes.
Mas é também nosso papel favorecer mudanças significativas na forma de atuação dos educadores. Não
devemos nos envergonhar de declarar um “não sei te responder” e propor ao aluno uma investigação conjunta. Devemos, acima de tudo, respeitar o outro e a
nós mesmos.
Tal mudança, por mais desgastante e trabalhosa que seja, nos permitirá ver no aluno um ser
capaz, criativo, descobridor, curioso, crítico, envolvido na sua história e poderoso na forma de construir a sua liberdade e autonomia.
Deolinda
Armani Turci - Coordenadora do Serviço de Orientação Psicopedagógica.